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Durante a primeira crise do petróleo, em 1975, o governo federal começou a investir em pesquisas sobre a produção do álcool no Brasil e criou o Programa Pró-Álcool. Na época, além da cana-de-açúcar, o sorgo também foi estudado e duas cultivares de sorgo sacarino chegaram a ser lançadas para alimentar pequenas indústrias de álcool em locais mais distantes do País. No entanto, as tecnologias da cana se desenvolveram mais, o governo passou a apostar apenas nas grandes indústrias e o uso do sorgo para etanol foi descartado. Em 2009, com incentivos do atual governo federal, as pesquisas foram retomadas e os pesquisadores acreditam que o sorgo sacarino pode ser uma ótima opção complementar à cana-de-açúcar, principalmente para regiões mais secas ou muito frias e onde a cana-de-açúcar não tem zoneamento agrícola. A grande dificuldade é o planejamento industrial e o desenvolvimento dos sistemas de produção de sorgo sacarino.
— Nós chegamos a montar quatro a cinco usinas-piloto de 100 a mil litros por hora e já comprovamos o conceito de que dá para fazer etanol de sorgo. Mas, em 1985, o governo federal mudou a estratégia, dedicou o investimento só para grandes destilarias e nós paramos o nosso programa de melhoramento. Nós guardamos as cultivares em desenvolvimento, mas foram lançadas duas cultivares: a BRS 506 e a BRS 507. Elas são as duas das melhores cultivares para produzir etanol de sorgo sacarino. Em 2009, nós retomamos este programa de melhoramento não só para produzir variedades como para produzir híbridos — explica o geneticista Robert Schaffert, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo.
Schaffert é um dos palestrantes do Simpósio Estadual de Agroenergia, que acontece em Pelotas, no Rio Grande do Sul, de 10 a 12 de agosto. Ele explica que há duas maneiras de produzir o álcool a partir do sorgo sacarino, usando as tecnologias de primeira e segunda geração. No primeiro caso, é feita a extração de caldo com açúcar, assim como se faz com a cana. Dessa forma ele pode ser usado na entressafra da produção de cana ou para indústrias de menor porte e de regiões onde a cana não pode ser plantada. Já a tecnologia de segunda geração usaria a lignocelulose para produzir álcool, mas ainda está sendo estudada. Para o pesquisador, o que falta agora é desenvolver pesquisas sobre os sistemas de produção do sorgo sacarino que vão ajudar também os produtores a entender como funciona melhor a cultura.
— Um dos desafios é o planejamento industrial. É preciso ter material no pique de açúcar para se ter um bom rendimento e lucro, precisa ter colheita de matéria-prima diariamente na porta da usina. Acho que, hoje, um dos assuntos mais importantes é desenvolver sistemas de produção de sorgo mais adequados. Nós sabemos plantar sorgo gramífero, mas sorgo sacarino é completamente diferente. Nós precisamos de mais informações sobre densidade de plantio, espaçamento, como é o comportamento da planta, tem algumas variedades que perfilham e outras que não, controle de pragas para realmente se chegar ao melhor sistema para se utilizar esta matéria-prima para produção de álcool — diz Schaffert.
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